As mariposas de sangue de Fernanda Castro
Um papo com Fernanda Castro sobre poder e personagens mulheres, amoralidade na natureza e o livro "Mariposa Vermelha"
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Fernanda Castro
é um dos grandes nomes da fantasia brasileira na atualidade. Seja em contos, noveletas curtas ou romances, ela vem deixado sua marca com uma mistura elegante de fantasia e horror que não se priva de mostrar as contradições e o lado sombrio dos seus personagens. “Mariposa Vermelha”, seu novo romance publicado pela editora Suma, acompanha a história de Amarílis, funcionária de uma fábrica de roupas que, após reencontrar o responsável pela ruína de sua família, decide invocar um demônio para conseguir sua vingança. Contudo, lidar com o demônio e seu erotismo monstruoso obriga Amarílis a encarar partes de si que até então mantinha reprimidas, e libertar-se desse tipo de opressão pode ser ainda mais perturbador do que perseguir sua vingança.
No papo a seguir, Fernanda parte da jornada de Amarílis para falar de temas como a relação entre poder e personagens mulheres, amoralidade na natureza, ciclos de opressão e construção de mundos na ficção fantástica.
Eric Novello: Oi, Fer. Obrigado por puxar um banquinho e se sentar comigo na Encruza.
Fernanda Castro: O prazer de estar aqui é todo meu!
EN: Como nasceu “Mariposa Vermelha”?
FC: “Mariposa Vermelha” foi um livro que escrevi depressa, em plena pandemia, num turbilhão de problemas. É um livro centrado nos personagens, bastante intimista. Embora as maquinações do plano de vingança da Amarílis estejam sempre no pano de fundo, é uma história que se demora mais em analisar os lados feios que trazemos dentro de nós, a aceitação da imperfeição, o desejo, relações maternas complicadas e também um cenário político bastante desigual. Então acho que foi meu jeito de ter agência em um momento onde tudo o que eu podia fazer era ficar parada em casa. Engolimos muita coisa naquela época, e acho que Mariposa reflete um pouco dessa luta para romper a impotência. Nem que seja vendendo a alma para um demônio.
EN: Octavia Butler, um dos grandes nomes da ficção científica, repetia constantemente ao falar do seu trabalho que havia começado a escrever sobre poder porque era algo que ela possuía muito pouco. Essa curiosidade pelas dinâmicas de poder do mundo levava Octavia Butler a se perguntar o que os personagens dela seriam capazes de fazer se tivessem poder. Pensando em “Mariposa Vermelha” a partir desse viés, quando Amarílis evoca o demônio Tolú no início do livro, de que tipo de poder ela está atrás?
FC: Quando colocamos a palavra "poder" assim, tão explícita, ela sempre parece algo terrível, não é? O poder que corrompe. Que oprime. O poder parece algo que nós, cidadãos de bem evoluídos e caridosos, criados numa lógica cristã, não deveríamos ir atrás. Algo egoísta e ganancioso. E até é verdade quando olhamos para as pessoas que de fato regem as estruturas de poder do nosso mundo.
Mas, para quem não possui muito dele, o poder ganha um contorno de dignidade. Amarílis é uma jovem com quem a sociedade falhou desde a infância. Ela não possui muitas perspectivas de futuro e não encontra nenhum meio legal para obter justiça. Em determinado trecho, quando questionada sobre a invocação de um demônio, ela chega a dizer que seu problema não é a raiva. Ela diz que está além da raiva, que o que sente é desespero. Penso que a vingança não é exatamente o cerne do que Amarílis procura, mas sim a emancipação de um sistema que a odeia — esse sim personificado na pessoa do “general”, alguém ligado de modo íntimo à política da cidade e diretamente responsável pela ruína da mãe dela. De certa forma, ele é mais um conceito do que uma pessoa. E, por mais que a grosso modo seja louvável jogar conforme as regras e evitar a violência, esse também é um discurso domesticador para que ninguém se rebele. A busca de Amarílis pela violência é uma maneira de segurar as rédeas, de ter poder para mudar as coisas. Uma autoafirmação também.
EN: Quando você fala de discurso domesticador me vem em mente que, de início, Amarílis é uma personagem que duvida da própria força e teme as consequências de enfrentar o sistema de governo opressor sob o qual cresceu. Como foi colocar Fragária de pé para construir esse diálogo entre o mundo interior da personagem e o mundo exterior no qual se passa a história?
FC: Minhas premissas geralmente partem dos personagens, do arco de cada um, das questões que eles precisam encarar ou resolver.
Eu sabia que a ambientação de Mariposa precisava refletir o universo interno de Amarílis, essa mistura de opressão e exploração. Ao mesmo tempo, eu não queria nada dramático ou distópico demais. A história dela fala sobre um tipo mais sutil de horror, um massacre diário e contínuo da própria alma, da vivacidade das pessoas. É uma violência mais silenciosa e difícil de identificar. O período pós Revolução Industrial me pareceu adequado porque traz tanto uma falta quase absoluta de direitos trabalhistas/sociais como o início da lógica capitalista da maneira que a conhecemos hoje: medindo o valor de tudo em termos de produção, pregando a meritocracia. Também foi um período interessante para a mão de obra feminina: de certo modo, o trabalho nas fábricas trouxe independência financeira e autonomia para mulheres andarem na rua desacompanhadas, tirar seus próprios documentos e tantas outras coisas mais progressistas, mas também significou uma jornada de trabalho predatória, pouco remunerada e com muitos abusos. Foram conquistas, sim, mas também muita exploração. Não é mero acaso a escolha de uma mulher para o papel de dona da fábrica em que Amarílis trabalha. Pimpinella é uma mulher bem-sucedida sob um primeiro olhar, um exemplo a ser seguido. Mas, quando trazemos a perspectiva de suas funcionárias, sobretudo Rosalinda, a história não é bem assim.
Pensando agora, eu tinha acabado de assistir a uma minissérie chamada “The English Game”, que fala da democratização do futebol a partir dos operários das fábricas na Inglaterra, e com certeza a imagem ficou comigo. Outra referência foi o livro “Norte e Sul”, um romance romântico (escrito em 1854!) que, entre outras discussões, aborda a situação precária das trabalhadoras das fábricas de algodão.
Foi assim que fui dando forma a Fragária, uma cidade urbanizada e industrializada, com uma grande massa trabalhadora precisando sobreviver. Na parte da arquitetura e geografia, utilizei Recife como base, buscando inspiração nos canais que cortam os bairros e nos sobrados coloridos de dois andares com pequenas sacadas na frente.
Já a configuração política da cidade, preciso admitir, foi uma contribuição valiosa de um dos meus editores, o Marcelo Ferroni. Inicialmente, Fragária seria uma cidade dominada por extremistas religiosos, no sentido de que a magia seria reprimida por motivos teológicos. No primeiro rascunho, a tatuagem que Narciso traz na mão, por exemplo, era a marca que todos os sacerdotes da religião tinham na pele.
Mas a coisa estava soando um tanto caricata, e a história não tinha espaço para que eu desenvolvesse esse aspecto na cultura da cidade. Foi o Marcelo Ferroni quem puxou o paralelo com a ditadura no Brasil. E aí meio que tudo se encaixou, sabe? A exploração de Amarílis enquanto trabalhadora culminando em uma minoria endinheirada da sociedade com uma necessidade absurda de controle. A ordem como forma de opressão. O medo de quem era diferente, de quem questionava. Era algo que contrastava com a magia e com a loucura da personagem.
Por fim, para "dar carne" aos cenários, trouxe sensações que me eram familiares, tentando ser o mais sensorial possível. O cheiro da água nos canais, a sensação dos caramujos sendo esmagados sob o sapato, a aspereza dos paralelepípedos. Os dias de chuva.
EN: Além de trabalhar numa fábrica de tecidos, Amarílis tem como hobby a criação de mariposas do bicho-da-seda. Ela faz isso por um motivo um tanto nobre, que é a atenção com os pequenos. Algo natural também a você.
FC: Sim, sou uma defensora irrecuperável de bichos pouco amados e talvez essa seja uma resposta mais longa do que os leitores gostariam. Mas tudo bem, vamos por dois caminhos aqui.
Primeiro, que é o mais óbvio, tem a ver justamente com o valor que associamos às coisas a depender do grau de estética ou importância que atribuímos a elas. Os insetos, no nosso mundo, valem pouco. Eles não são fofos, não apelam aos nossos instintos de proteção, não interagem conosco, não emitem sons de dor ou sofrimento. Não possuem imagética de poder na cultura — ninguém quer ser, sei lá, do signo de mosca-da-fruta. Queremos ser tigres, elefantes, baleias! Uma criança é repreendida pelos pais quando chuta um cãozinho, mas é muito comum que se deixe um filho pisotear formigueiros, amassar lagartas, atirar caracóis dentro da piscina, levar tatuís no baldinho de praia para morrerem em casa. E não é apenas uma questão de responsabilidade, de se livrar de algo que pode nos causar mal ou salvar plantas de pragas, por exemplo (amar insetos é, antes de tudo, compreender seu papel biológico e os momentos em que devem ser exterminados — sim, eu mato baratas). Mas a violência contra insetos é feita de forma desapaixonada. As pessoas realmente acreditam que eles não merecem estar ali. Que a vida deles não importa.
Tem algo que vive acontecendo com os admiradores de insetos: ao ouvir que gostamos deles, as pessoas reagem nos contando exatamente como e onde elas mataram o último. Com um certo orgulho até, e não por maldade — noto que elas realmente não acham que aquilo pode ser algo ruim de ouvir, embora saibam que um protetor de animais provavelmente não vai querer saber sobre como o seu avô adorava afogar filhotinhos de gato. Não é exatamente um problema a nível individual, mas uma cultura do invisível mesmo. É a criança que nunca parou para observar um inseto e toda a complexidade de seu ecossistema, já que, sempre que se deparou com um, viu o bicho ser morto a chineladas em menos de um segundo.
Porque, e lá vamos nós pelo segundo caminho, quando você se dá a oportunidade, insetos são fascinantes. Alienígenas. Existindo em processos e em um tempo diferente do nosso. Observar insetos é ser obrigado a confrontar algumas coisas indigestas, a aceitar uma crueza e uma brutalidade que às vezes gostamos de fingir que não existe na natureza do mundo. A lagarta se liquefaz para virar mariposa. Ao trocar de pele, a primeira parte que cai é a cabeça. Insetos perdem membros e continuam andando. Baratas sobrevivem dias sem cabeça e explodem em ovos ao serem esmagadas. Um louva-a-deus pode continuar comendo seu almoço tranquilamente enquanto é devorado aos poucos por uma lacraia.
Quando cuido dos insetos que aparecem aqui em casa, sou obrigada a engolir meu asco, minha estranheza, sou obrigada a lidar com aquilo. A compreender os sinais, a entender aquilo como um ser vivo, a agir ativamente por ele. A graça é que, com o tempo, você se apega. Eles ganham nomes, personalidade. Com o tempo, aquela pata feiosa até que parece a garrinha de um robô, tá vendo? E os olhos, como são bonitos e cheios de cores quando bate a luz do sol…
E se você aprende a amar aquela coisa que era tão feia e insignificante, então talvez a gente aprenda a amar as partes indigestas de nós mesmos. A aceitar o que é diferente de mim. A não me enxergar como um referencial para medir tudo o que não entendo. De certo modo, os insetos me ajudam a encarar alguns fantasmas. É um prato cheio para autores de ficção, e eu com certeza abracei isso ao inserir os bichos-da-seda em Mariposa — sobretudo pensando que, assim como Amarílis e a massa operária de Fragária, os bichos-da-seda dão a vida para gerar recursos que serão financeiramente explorados por outros seres, que os descartam depois.
(E não, eu não vou te achar uma pessoa horrível caso você pise numa formiga.)
EN: O paralelo entre a maneira cruel como exploramos a vida dos animais e a maneira como esse sistema de exploração se repete entre nós, humanos, também de maneira cruel foi algo que me chamou atenção ao ler a história. Pensar nossa relação com o capitalismo é pensar nossa relação com o planeta a esse nível elementar das menores criaturas, como você falou. Mas existem outros animais no livro que deixam esse jogo de simbolismos mais complexo para Amarílis. Por exemplo, os pombos que Tolú traz para casa para comer e… bem, o próprio Tolú é um lagartão gostoso, um predador acima dos humanos na cadeia alimentar.
FC: Esse é um daqueles aspectos que todo observador de bichos se depara e com o qual demorei para fazer as pazes. A natureza é completamente amoral. Ela não é injusta, pois não há o conceito de justiça para começo de conversa. Não é misericordiosa. Ela não segue uma narrativa — o que particularmente me deixa maluca às vezes: não há protagonismo ou garantia de sentido, de aprendizado. Não há nem mesmo a ideia de final, apenas de equilíbrio e alternância de ciclos. E, ainda assim, há carinho, alegria, amizade, medo, ciúme e tantos outros sentimentos que fazem de cada ser um indivíduo. E indivíduos são histórias. Me parece ao mesmo tempo aterrorizante e belíssimo que toda essa existência esteja em função do acaso. Intrinsecamente falho e completamente perfeito. Como pode algo com tanta brutalidade ser também tão pacífico, transmitir tanta calmaria?
Há até um debate sobre como os documentários de vida selvagem retratam os animais nesse sentido: é comum que criem um fio narrativo para as imagens dos bichos de modo a conquistar a audiência, dando nomes ou citando rixas familiares — humanizando mesmo —, mas aí você também cria uma série de problemas: você faz as pessoas colocarem expectativas irrealistas na vida selvagem, você faz elas "tomarem lados" e torcerem por animal X em detrimento de Y etc, etc.
Até porque, aceitar que há beleza nessa grande massaroca de paradoxos também ajuda a entender nossa responsabilidade enquanto espécie. Se nós criamos as histórias, se nós agimos sobre a natureza aplicando um conceito de justiça que só faz sentido na nossa realidade, então é bom tomar cuidado.
EN: Você me fez lembrar de quando cancelaram a onça no falecido Twitter por ela ter comido uma capivara, o mascote fofo da ocasião. Embora eu tenha achado graça da reação geral, fiquei também pensando na relação que estabelecemos com um vídeo como aquele dentro das redes sociais. Digo, o vídeo tinha um aspecto documental, imagino, mas naquele contexto me pareceu que as redes sociais o haviam transformado em apenas mais uma espetacularização da violência jogada para a torcida.
FC: É muito difícil para nós seres humanos, com nossos cérebros programados para contar histórias, compreender a amoralidade e a desordem da natureza. Aceitar que sim, devemos deixar a cobra devorar lentamente o filhotinho de coelho sem fazer nada.
Tolú vem um pouco para representar isso também. Ele é um ser que está fora da lógica dos homens, seja de socialização, cultural, política ou qualquer outra. Acho que muitos dos grandes questionamentos da humanidade nem fazem sentido para ele, haha.
E colocar Amarílis para se deparar com isso é também um modo de abrir uma janela para que ela enxergue algumas coisas sobre o mundo que a cerca. Há cenários que só conseguimos acolher e trabalhar caso a pessoa se permita analisar a situação com os mesmos olhos livres de julgamento de um observador da vida natural. Enxergar o que é, não o que deveria ser ou o que gostaríamos que fosse. Ainda que seja, lá no fundo, uma incapacidade humana. Acho um exercício poderoso quando estamos falando, por exemplo, de contextos familiares, quando há afeto envolvido.
EN: Isso vale também para certa morte polêmica no final do livro?
FC: A tal morte polêmica também foi colocada no livro de caso pensado. Eu queria que não apenas Amarílis, mas o próprio leitor precisasse reconhecer que não existe uma resposta fácil, que as pessoas que amamos também fazem coisas ruins, também têm lados feios. Que às vezes você vai torcer para alguém que não é imaculado. É algo que sinto falta nas fantasias que exploram esse lado sombrio das mulheres: que suas ações não precisem ser perdoadas ou justificadas em nome do bem maior para que estas sejam consideradas dignas do protagonismo.
EN: Em “Lágrimas de Carne”, noveleta pela qual conheci seu trabalho, você já caminhava pela fronteira entre a fantasia e o horror. O que alguns chamariam de fantasia sombria. Em “Mariposa Vermelha” essa relação parece ter se tornado mais simbiótica e abraçado também o erotismo e o humor. Como você vê o livro a partir dessa perspectiva?
FC: Acho que tem a ver com os temas que me atraem, ou com a linguagem que meu cérebro usa para me explicar sentimentos difíceis. Apesar de gostar de transitar entre gêneros e me divertir escrevendo coisas mais leves ou engraçadas, sinto que é nesse nicho que consigo falar de forma mais verdadeira, conseguindo transmitir pro leitor coisas que, de maneira direta num texto corrido como esse, por exemplo, eu não seria capaz de fazer. “Lágrimas de Carne” e “Mariposa Vermelha” compartilham esse cerne: foram histórias construídas ao redor de sentimentos complicados, de relações que precisam de nuance. De certa forma, são histórias irmãs, ainda que não tenham nada em comum em termos de universo.
Como leitora, me interesso muito por livros que deixam seus personagens expostos, nus à luz do dia, que é para a gente conhecê-los com intimidade, incluindo as partes que não fazem sentido. É de uma riqueza imensa. Amo a literatura em todas as suas formas, mas sempre que um autor consegue fazer com que algo muito complexo e esquisito dentro de mim seja observado bem de perto, do tipo "eu também não sei explicar, mas veja só como eu sinto o que você está sentindo agora, vamos olhar para isso juntos por um minuto, sem julgamentos", sempre que um autor traz esse nível de verdade… é quando a literatura se torna mágica para mim.
É como pensar o worldbuilding como a construção de mundos inteiros por dentro dos personagens.
EN: Para fechar, preciso ir para a pergunta inescapável. Sei que você não tem planos de uma continuação direta para “Mariposa Vermelha”, já que Amarílis cumpriu sua jornada de autodescoberta em grande estilo. Mas e quanto a outros livros nesse universo? Talvez explorando as gangues, o submundo, personagens e situações mais secundários na trama de “Mariposa Vermelha”?
FC: E lá vamos nós para a pergunta de um milhão de dólares, haha!
Começo dizendo que não sou avessa a explorar mais a fundo o cenário de Fragária, desde que com outros personagens. Acho que existem perspectivas que podem trazer reflexões interessantes. Por exemplo, gosto de pensar no que seria do futuro de Jacinto, o irmão de Amarílis — que possui uma herança mágica mas nem mesmo sabe disso. Tudo o que ele conheceu foi um pai amoroso e uma vida de estabilidade. Fragária, para ele, é um mundo seguro, um mundo próspero. Me pergunto o que aconteceria caso ele fosse confrontado com a verdade. Seria talvez um caminho inverso ao de Amarílis? Será que ele daria razão ao pai e se transformaria num defensor da República? Um nepobaby?
Infelizmente, não sou aquele tipo de autora que define racionalmente quais serão as próximas histórias a serem escritas. Adoraria, mas não consigo. Vamos ter de esperar para ver se alguma sementinha de ideia vai brotar…
Por fim, não penso mesmo em fazer nada envolvendo Amarílis e Tolú, pois seus arcos já estão fechados, ou envolvendo a mãe dela, Dália, porque acho importante que a conheçamos apenas através das lentes da visão da filha, um mosaico incompleto do que era a mulher real. Às vezes, há encanto em aceitar as lacunas, os mistérios.
EN: Droga. Agora vou ficar pensando no Jacinto vendo toda a estabilidade à qual ele se acostumou indo pro buraco e em como ele reagiria a isso daqui a alguns anos. Evocando um demônio, quem sabe? Fer, mais uma vez, obrigado por visitar a Encruza.
FC: De novo, sou eu que agradeço. Você não sabe, mas roubei todos os guardanapos hipotéticos desta newsletter para guardar como souvenir, colar no caderno e lembrar que já estive aqui um dia.
Para conhecer mais sobre a Fernanda Castro e seu trabalho visite o site pessoal da autora. Sugiro também seguir sua newsletter, que traz um conto publicado anteriormente na prestigiosa revista gringa de horror The Dark.
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Um abraço e até a próxima encruza,
Eric Novello
Mais uma edição excelente
que delícia ler essa conversa, amei como amei o livro