Encruza Criativa Ano 2 #07
Uma edição sobre inteligência artificial, escritores e papos estranhos
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Mais um papo sobre inteligência artificial
Mês passado li um post no Substack que comentava ironicamente algo como: “pra que usar inteligência artificial para resolver problemas que ameaçam a humanidade como a contaminação dos oceanos por plástico se você pode usá-la para tirar o emprego de artistas?”
Recentemente, Sam Altman, CEO da OpenAI, disse que o único jeito de se levar as “inteligências artificiais” ao seu potencial máximo é desenvolver uma fonte de energia revolucionária, porque AIs consomem uma quantidade astronômica de energia para funcionar. Em outras palavras, não temos energia disponível para o que as big techs pretendem fazer.
Sempre fui um entusiasta de novas tecnologias, mas a minha opinião sobre as corporações por trás de ferramentas de recombinação que são chamadas de inteligência artificial não é das melhores. O que começou ameaçando diretamente artistas visuais e ilustradores (já teve caso de editora de renome anunciando livro com capa feita por AI), logo chegou aos dubladores e tem começado a morder os calcanhares de escritores também.
No campo da tradução estamos acostumados a esse tipo de ferramenta já faz tempo. O Google Translate é um antepassado jurássico. Empresas grandes de tradução técnica costumam “pedir” a seus tradutores que usem ferramentas que vão criando grandes bancos de dados. Quando há uma correspondência acima de x% com uma informação já registrada no banco, esse valor não é pago para o tradutor.
Lembro também de um grande cliente que, muito, mas muito antes do Google Translate ter um mínimo de dignidade, nos enviava o texto original juntamente com uma tradução feita pelo programa de tradução dele. Um avançadíssimo e não disponível para o público geral. Nuances de sentido passavam batido (mas nem sempre) e era nosso trabalho ficar atento a essas coisas, além de melhorar a fluência aqui e ali. Mas a tradução feita pelo programa era assustadoramente boa. Tô falando de quinze anos atrás, talvez mais. Nunca vi nada igual. Mesmo hoje. Fun fact: era o cliente que nos pagava melhor.
Então, quando o Chat GPT se tornou um assunto, resolvi “trocar uma ideia com ele com alguma frequência”. Gato escaldado, sabe como é.
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