Podcast
É isso mesmo. Você não exagerou no chá de cogumelo. A partir de hoje a Encruza Criativa passa a contar também com edições especiais em podcast. Como o cerne da encruza é ser um ponto de encontro de ideias, o podcast me pareceu o passo seguinte mais natural (e acessível).
Nesse início de jornada investigo o tema “assombrações e o horror social nas narrativas brasileiras”. Para tal, converso com autores a respeito de suas obras sempre tendo um livro / filme / quadrinho específico como ponto de partida. Por enquanto, você pode achar a Encruza Criativa Podcast em alguns streamings e agregadores (como o do Google):
Costuma escutar podcasts em outro lugar? Conta pra mim que eu tento chegar lá. Agora, se você usa algum desses programas, seria MUITO valioso me seguir por ele, favoritar, programar download automático, usar alguma estratégia básica que faça os algoritmos do programa darem mais relevância à Encruza Criativa nessa etapa inicial. Conto com você! Pode parecer bobagem, mas se minha carreira literária me ensinou algo é que projetos como esse dependem de engajamento e do apoio da comunidade. Nenhum autor se faz sozinho, nenhum livro se faz sozinho, nenhuma newsletter se faz sozinha, nenhum podcast se faz sozinho.
O episódio piloto é uma introdução rápida ao tema da temporada para podermos lubrificar as engrenagens. Mas a Encruza Criativa PODCAST começa para valer no dia 17/04 com a primeira convidada a visitar nossa esquina onde literatura, arte e política se encontram.
Se você curtir a ideia, lembre que pode me ajudar a bancar a edição do programa e a newsletter assinando o APOIA-SE ou fazendo um PIX para CERICN@GMAIL.COM. Não se acanhe!
Horror latino-americano
Coloquei o ponto final no Ninguém Nasce Herói em 2016. O livro saiu em maio de 2017. Lá se vão seis anos sem publicar ficção longa. Quem me acompanha na encruza sabe que nesse meio tempo andei pensando em novos caminhos para minha literatura e acabei encontrando pontes de diálogo com o que vem sendo chamado de a “onda do horror latino-americano”. Recentemente conversei com o AJ Oliveira no podcast Os 12 Trabalhos do Escritor sobre a possibilidade de olhar para autores não anglófonos e para problemas do nosso continente para nos inspirarmos a escrever histórias de horror.
Que fique claro, pelamordezeus, não é um daqueles papos ufanistas com cheirinho de governo autoritário e farda fedida a naftalina, muito menos uma tentativa de forçar a fantasia a ser “folclórica” para ter algum valor aos olhos dos críticos. Stephen King e Anne Rice me formaram como leitor e serei eternamente grato por isso. Este é, digamos, um chamado à possibilidade de enxergar na produção dos nossos vizinhos da América Latina (e, se eu tivesse conhecimento aprofundado na área, nos nossos vizinhos africanos além-mar) inspiração para quem quer escrever sobre horror sobrenatural e horror social. Em outras palavras, expandir nossa paideuma do horror além do mercado de entretenimento estadunidense.
Seja você leitor ou autor, separei oito recomendações para contribuir com seu guia de leitura:
8 leituras para conhecer o novo horror latino-americano
Pra te comer melhor, de Giovanna Rivero (ed. Peabiru). “É preciso descer onde ninguém mais se atreve”, este é o lema dessa coletânea representante do novo gótico latino-americano. Doenças, deslocamentos, famílias complicadas, os temas são diversos. A autora já tinha causado barulho no Brasil com Terra fresca da sua tumba (ed. Jandaíra), outra coletânea de alta qualidade. Recomendo comprar direto com a Peabiru no Instagram.
Cometerra, de Doloros Reyes (ed. Moinho) - Cometerra é uma menina que consegue rastrear desaparecidos ao comer a terra por onde eles passaram. Uma menina que conhece a violência desde pequena, dentro da própria família. Um livro forte que fala de desigualdade social e violência contra mulheres e que se passa num continente onde os mortos possuem muitas histórias para contar.
Temporada de Furacões, de Fernanda Melchor (ed. Mundaréu) - Garotos encontram um corpo boiando no rio. O corpo é de uma mulher considerada bruxa pelos locais. Quem será o responsável pela morte? E quem possuirá mais segredos para esconder: A bruxa morta ou os moradores que recorriam aos seus serviços? Um mosaico feito de diferentes pontos de vista para se ler num fôlego só.
Nossa Parte de Noite, de Mariana Enriquez (ed. Intrinseca) - Um homem parte em fuga com seu filho pelas estradas da Argentina. Um homem que é o único médium capaz incorporar uma entidade sombria digna das melhores histórias de horror cósmico. À beira da morte, ele tenta proteger o filho de ter o mesmo destino que ele nas mãos dos ricaços que cultuam a entidade. Violento, perturbador, sexy e queer, o romance já ganhou uma edição da Encruza Criativa só para ele.
Casas Vazias, de Brenda Navarro (ed. Dublinense) - Uma criança é sequestrada. De um lado temos a história de uma mãe em desespero por ter perdido a filha, do outro a nova mãe, sequestradora. Ambas levam vidas de pura violência social e dividem conosco pensamentos que colocariam qualquer obcecado por encontrar “a moral da história” de suas leituras de cabelo em pé.
Inventário de predadores domésticos, de Verena Cavalcante (ed. Darkside) - Representando o Brasil, o livro traz contos perturbadores do início ao fim, alguns deles com um toque sobrenatural. A primeira metade, narrada pelo ponto de vista de crianças, às vezes vítimas das situações, às vezes algozes dos seus colegas, é destruidora e já vale o livro inteiro.
Mandíbula, de Mónica Ojeda (ed. Autêntica Contemporânea) - Uma estudante de ensino médio pra lá de desagradável se vê sequestrada no meio de um matagal. A sequestradora é ninguém menos do que sua professora, a quem a vítima costumava tratar muito mal com suas amigas. Mas os motivos para o sequestro talvez sejam mais profundos do que parecem.
Distancia de rescate, de Samantha Schweblin - Autora incontornável nessas listas com seu Pássaros na Boca (ed. Fósforo), Schweblin tem também a ótima novela Distancia de rescate, história no qual uma mãe vai com sua filha para a zona rural e começa a viver situações estranhas que não consegue explicar, contando somente com a ajuda de uma vizinha a quem acabou de conhecer. O livro ganhou uma adaptação bem interessante para o audiovisual chamada O fio invisível.
Para ouvir meu papo com AJ Oliveira e anotar mais uma dica, dê uma passada pelo Spotify ou por seu streaming favorito.
Um abraço,
ouçam os fantasmas;
a gente se lê!
ADOREI o podcast! Já segui aqui e ouvi a introdução. Ansioso pra te escutar mais :)))
Sobre as indicações de livros: amo todos, só não conheço Pra te comer melhor e Casas vazias, vou pesquisar aqui. Tenho o Predadores, mas ainda não li!
Adorei as dicas e adorei a novidade do Podcast! ♥️